Discurso pronunciado pelo director da Escola Real de Mafra, na sessão Real da distribuição de prémios aos alunos da Real Escola, em 17 de Setembro de 1868.

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Discurso pronunciado pelo director da Escola Real de Mafra, na sessão Real da distribuição de prémios aos alunos da Real Escola, em 17 de Setembro de 1868.

Detalhes do registo

Nível de descrição

Documento simples   Documento simples

Código de referência

PT/AMM/ERM/04/006

Tipo de título

Formal

Título

Discurso pronunciado pelo director da Escola Real de Mafra, na sessão Real da distribuição de prémios aos alunos da Real Escola, em 17 de Setembro de 1868.

Datas de produção

1868-09-17  a  1868-09-17 

Datas descritivas

1868-09-17, Mafra

Dimensão e suporte

6 fls.; papel

História administrativa/biográfica/familiar

"Filipe António Jorge: um educador de Mafra", por Carlos Manique Filipe António Jorge nasce na vila de Mafra a 12 de Março de 1843. O seu percurso profissional está indissoluvelmente ligado à Escola Real de Mafra, na qual ingressa em 1856. Nesse instituto, fundado pelo rei D. Pedro V (1837-1861), permanece como aluno até 1859, obtendo várias distinções e uma pensão por comportamento exemplar. A estima pelo soberano e a vocação da Escola Real para o acesso à carreira do magistério primário concorrem para que, no ano lectivo de 1860-61, nela se matricule como aluno-mestre. A situação altera-se em 1862, com a abertura da Escola Normal de Lisboa. De facto, Filipe Jorge integra a lista do primeiro curso de Marvila, sendo curiosas as motivações que presidiram a esse passo, susceptíveis de perspectivar na petição que formulou para ser admitido, corria o mês de Novembro de 1861:Persuadido de que só seguindo a profissão de mestre pode satisfazer às ilustradas e humanitárias intenções do seu Augustíssimo e sempre adorado Benfeitor, e precisando, para mais dignamente se desempenhar, habilitar-se com os conhecimentos de pedagogia que só em uma escola normal pode obter, como lhe conste que vai abrir-se a Escola Normal Primária de Lisboa, deseja ser admitido. (IAN/TT, Ministério do Reino, maço 4210).Para além do tributo intelectual e humano à figura de D. Pedro V, o pensamento de Filipe Jorge traduz bem um dos traços idiossincráticos da Escola Real – o entendimento do exercício da função docente inextricável de formação pedagógica em sede própria. Em Marvila, no seio de uma geração de normalistas que influenciará o desenvolvimento do sistema de ensino estatal, onde marcam presença figuras como José António Simões Raposo e António Sérvulo da Mata, Filipe Jorge distingue-se entre os demais. Na verdade, em Abril de 1864 é louvado pelo Conselho Escolar da Escola Normal pela sua intervenção no projecto de regulamento provisório para castigos e recompensas, valendo-se, certamente, da experiência acumulada na Escola Real de Mafra. Acresce que, pouco meses mais tarde, precisamente em Julho do citado ano, obtém o melhor resultado nos exames finais do 2.º grau, com a média final de 19,5 valores (cf. Arquivo da Escola Superior de Educação de Lisboa, Actas das Sessões do Conselho Escolar das Escola Normal Primária de Lisboa, 1864-1866, fls. 29 e 71).Em 10 de Setembro de 1867 é provido no lugar de professor da Escola Real de Mafra, ocupando inerentemente o cargo de director. Nessa dupla condição, procura manter o nível pedagógico da instituição, sentindo, aos vinte e quatro anos, a responsabilidade de substituir o seu predecessor, Vitorino João Carlos Dantas Pereira, personalidade de elevada estatura intelectual. Assim o manifesta numa sessão de distribuição de prémios: Conheço que é muito fraco o cabedal científico que possuo para corresponder dignamente aos desejos de Vossa Majestade de conservar à Escola o bom-nome que lhe fez adquirir o meu ilustrado antecessor. (Arquivo Histórico Municipal de Mafra, Real Escola de Mafra, Ofícios, circulares e mapas. Discurso pronunciado pelo Director da Escola Real de Mafra, na sessão Real da distribuição de prémios aos alunos da Real Escola, 17 de Setembro de 1868)Sob o primado da instrução popular, a “alavanca para a regeneração dos povos”, Filipe Jorge crê ser possível esbater distinções com base no nascimento, algo que não se cansará de evidenciar ao longo da sua vida profissional, conforme relata Tomás de Melo Breyner, antigo aluno da Escola Real: O seu grande prazer era mostrar aos visitantes da Escola que o fidalguinho filho do Conde de Mafra bem como outros meninos filhos de oficiais, de magistrados ou da gente grada da vila eram na caligrafia ou nas contas inferiores aos filhos dos cavadores de enxada. (Memorias do Professor Thomaz de Mello Breyner, 4.º Conde de Mafra…, p. 168) Ele próprio, mestre-escola de origens humildes, representa a ascensão social e a força da cultura. Na verdade, o percurso que enceta a partir do início da década de 1880, num momento em que os seus créditos como professor estão firmados, revela a vontade de se distanciar da actividade docente e a preocupação em se afirmar noutras esferas da vida concelhia. Nesse sentido, durante o período de descentralização do ensino, exerce funções de delegado paroquial (1881 a 1884) e de presidente da Junta Escolar (1884-1886 e 1887-1891), entrando praticamente em simultâneo na política activa; desempenha na autarquia de Mafra os cargos de vice-presidente (1884-1885 e 1886) e de presidente (1887-1889 e 1893-1895). Em 1897, após trinta anos de magistério primário, troca a direcção da Escola Real pelo lugar de almoxarife das reais propriedades (Palácio e Tapada), no qual permanece até à reforma, sendo certo que no ano de 1908 ainda se mantinha no activo.Representante da primeira geração de Marvila, Filipe António Jorge, contrariamente a alguns dos seus colegas normalistas, não deixou, do ponto de vista teórico, quaisquer traços de concepções educativas, nem tão-pouco conheceu, fora do círculo escolar onde leccionou, notabilidade no seio da corporação. A sua acção pedagógica, marcadamente pragmática, orientou-se para a direcção da Escola Real de Mafra, procurando incutir o gosto pela carreira do magistério primário a várias gerações de alunos. O seu desaparecimento do convívio dos vivos dá-se no ano de 1913.Bibliografia sobre o autor: ALVES, Maria do Céu (2003). Um Tempo sob outros Tempos. O processo de escolarização no concelho de Mafra. Anos de 1772 a 1896. Dissertação de mestrado apresentada à Universidade do Minho.Boletim Cultural de Mafra’97, Abril de 1998.FREIRE, João Paulo (1944). Evocações de Mafra de há meio Século. Vila Nova de Famalicão: Tipografia Minerva.GANDRA, Manuel (coord.) (1990). Escola Real de Mafra. “Presepe de redenção das novas gerações”. Mafra: Câmara Municipal de Mafra. Memorias do Professor Thomaz de Mello Breyner, 4.º Conde de Mafra, 1869-1880. (1930). Lisboa: s. ed.SILVA, Carlos Manique da (2003). Uma instituição de ensino fundada por D. Pedro V: a Escola Real de Mafra. História, Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, vol. 4, pp. 275-295. Informação retirada do site:https://sites.google.com/site/profourico/biografia-de-filipe-antonio-jorge

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Características físicas e requisitos técnicos

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